Novas chances, dose dupla. Por favor.

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Por que amar senão amar? Amar dois, amar um. Amar o homem dos sonhos, amar a mim mesma sem opressão ou nós mal atados, os laços da minha fé ainda refletem a sabedoria da agonia que foi te amar. Por que não ser a razão do meu viver? Não que você tenha se importado em ir embora e me deixar morrendo aos cacos e desamparos, seu repertório de cenas excedeu todas as minhas novelas. E por que não ser o amor da minha vida? Sei a que horas acordo e quando durmo, as minhas roupas realçam as minhas pernas e não me importo religiosamente com isso, não sofro de histerias quando a vizinha beija minha bochecha. Por que não eu?

Meu shampoo era mais caro que o seu, meus cabelos bem mais longos. Mas quando meus dedos escorregavam ligeiros entre seus fios, seu cabelo era mais macio. Seu colo me trazia mais alívio que o travesseiro à noite, e eu não tinha sua boca pra beijar, nem seu corpo pra me esquentar no inverno. Por que não eu? Eu não tenho costelas a mais para aconchegar a cabeça no meu próprio peito, não sei em que vestido te atraio mais.

E por que não te ter?

Talvez a dependência de você tenha se tornado consolo de primavera, morreria sem você; então no outono todas as folhas caíram, na primavera as flores voltaram, tantas cores e tipos que senti a afronta em ter me tornado cinza diante da vida. Entre pausas e fases, pude voltar a ser adulta, partir da minha volta à infância tardia e superar todos os seus erros, sem que te execrasse por muito tempo. Por que não você? Estar sozinha me faz sentir falta da sua presença, mas minha falta recusa sua constância. Sem que estivesse aqui, notei que a história é justa quando se faz a biografia de autoria pessoal, não rastejar entre compassos na busca por aventuras destemidas e sem testemunhas. Levianamente, recuso trocar meu nome pelo seu.

Quanto tempo passou sem que conversássemos as uma ou duas da manhã? Nossos inícios risonhos e fins de adeuses mal dispostos, exageros contínuos e exacerbados. Tanta lamúria farta de queixas que ao ápice, pude notar que nenhuma lágrima escorreu pesada pela minha bochecha. Por que não eu? Porque não é você.


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